segunda-feira, 7 de março de 2016

Professor da disciplina de Educação Ambiental na Unicamp é contra o Projeto de Lei que impõe a matéria às escolas

Com o objetivo requalificar o conhecimento socioambiental de sua proposta educativa, a Maestrello Consultoria está cursando a disciplina de Educação Ambiental (EA), da Faculdade de Tecnologia da Unicamp, que teve início na última quinta-feira (3).
O programa está dividido em três blocos que se entrelaçam no decorrer de 15 aulas, de 4h cada. Coordenador dos encontros e professor da matéria, Sandro Tonso explicou seus temas e respondeu a algumas dúvidas do departamento de Comunicação da startup novaodessense de geração de conhecimento e aceleração da aprendizagem.
Tonso, durante a aula inaugural
A primeira parte do estudo contemplará a “Crise da Civilização”, que, para o educador, não é simplesmente ecológica, mas prioritariamente social. “O principal objetivo deste bloco é a construção de uma postura de verdadeiro respeito à diversidade no seu sentido mais amplo: ecológico, social, político e cultural; a partir de uma análise ampla e integrada das principais questões ditas ‘ambientais’, frequentemente divulgadas pela mídia de um modo muito superficial”, informa Tonso.
Por sua vez, segundo o professor, o Jornalismo tem desempenhado papel “deseducador”, quando se propõe à divulgação ambiental. “99% da mídia somente reproduz informações, de forma falsamente neutra, o que não permite a reflexão e nem incentiva o diálogo. Essa atuação tem prejudicado a formação de educadores ambientais, pois não colabora com a emancipação das pessoas, pelo contrário, promove a doutrinação, construindo uma hegemonia de pensamentos”, ressalta.
Mas a Educação Ambiental poderia ser uma resposta à crise? O segundo bloco da disciplina propicia este debate, estudando o histórico do movimento ambientalista, apresentando experiências educativas socioambientais comunitárias e discutindo os principais conceitos, valores, metodologias e políticas públicas de EA; destacando ainda que há diversas educações ambientais, desde as mais conservadoras até as mais críticas.
Para compreender melhor as políticas públicas no âmbito educativo socioambiental, a diretora executiva da consultoria de Nova Odessa (SP), Ana Lúcia Maestrello, explica que suas metas visam assegurar o direito à cidadania, com respeito ao meio ambiente. “Elas são construídas com a participação dos setores público, privado ou de entidades para resolver problemas sociais, através da elaboração de ações, projetos e programas a serem executados pelo Estado”, diz ela.
Ana e João Demarchi (em destaque), do Lapecs-IZ, são alunos especiais da disciplina
EA como matéria obrigatória
Na tentativa de justificar a importância da pauta, Ana lembra o Projeto de Lei Iniciado no Senado (PLS 221/2015) que impõe a obrigatoriedade da disciplina de Educação Ambiental para asescolas de Ensino Fundamental e Médio. “Formulado pelo senador Cássio Cunha Lima, do PSDB da Paraíba, esse projeto será discutido na próxima terça-feira [8] pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle; se aprovado, ainda será apreciado pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte. Nós, educadores, reconhecemos que qualquer iniciativa para abordar o conteúdo socioambiental em sala de aula é louvável, mas, antes disso, é necessário melhorarmos todo o sistema educacional brasileiro – e as políticas públicas podem colaborar e muito nesse processo”, comenta Ana, uma dos 50 alunos da disciplina ministrada por Tonso, que considera esse Projeto de Lei bastante problemático.
“Essa proposta não faz sentido algum pela forma como está sendo conduzida, principalmente por não ter sido debatida nas escolas, universidades e demais coletivos educadores. Ela ‘caiu do céu’, sem qualquer envolvimento do proponente com as redes, grupos e associações ligadas à EA do país. A Educação Ambiental já é incentivada como tema transversal nas escolas faz tempo, embora com todas as dificuldades de trabalhá-la na rede formal. Todos podem contribuir com a construção de espaços educadores para a discussão e prática socioambiental, esta seria a melhor resposta à crise da civilização”, destaca ele.
A terceira parte do estudo da Unicamp promove encontros de sensibilização, visando à formulação de projetos. “Nesta fase, a disciplina propõe uma série de dinâmicas e atividades que têm por objetivo a sensibilização para as questões discutidas, procurando integrar uma dimensão racional e informativa a um trabalho sensível, afetivo, estético e formativo. Desta forma, acredita-se que toda a dimensão humana esteja presente na preparação de projetos de EA. Somente desta forma, acredita-se na possibilidade transformadora da Educação Ambiental, entendida com Educação Política e socialmente responsável. Os encontros se constituem numa das poucas oportunidades de real exercício de interdisciplinaridade em torno a uma questão que afeta a todos: a dimensão socioambiental, e que, de uma forma ou de outra, toca a todas as profissões, que deveriam se sensibilizar para discutir sua participação na construção de uma solução coletiva”, conclui o educador ambiental, que já sensibilizou mais de 2 mil estudantes, em 20 anos como professor da disciplina, na Unicamp. 

Contatos: Tonso - (19) 98118-1825 ou sandrounicamp@gmail.com
                Ana - (19) 98376-8000 ou analuciamicheli@gmail.com



Juan Piva
MTB - 67.378/SP
Assessoria de Comunicação
Maestrello Consultoria Linguística

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